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Publicação: 23/07/2017   Comentários: ()   Categoria: 6 - Visitas: 14325
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Viagem Inesquecível na Sorocabana

Nos idos de quarenta, ainda na infância, Eu com a família viajava nos trens da Sorocabana, o único meio de transportes de cargas ou passageiros confiáveis, (bons tempos eram esses!) recordo com saudade, a nostalgia invadiu meu peito, mas, aquela que faz recordar as boas coisas do passado. Quando Papai Ferroviário preparava a bagagem e seguia rumo à estação de Itapetininga juntar-se com grande aglomerado de pessoas, que aguardavam ansiosos a chegada do comboio. De longe se avistava a “Maria Fumaça” apitando na curva, tracionando muitos vagões, a alegria invadia meu inocente coração para mais uma viagem inesquecível. Aos poucos o trem aproximava a “Maria Fumaça” garbosamente dobrando o sino anunciando a chegada e estacionava expelindo fumaça com cheiro de lenha molhada e nesse momento era um corre-corre e os passageiros colocavam pela janela objetos nos assentos marcando lugar para sentarem-se, os bancos cobertos de tecidos fino de linho branco que eram muito disputados, enquanto outros desciam, o vendedor ambulante corria pela plataforma de um lado a outro gritando: “é o bolinho”, “é o pastel quentinho”, era uma festa hoje só lembrada pela nostalgia. Papai com os lugares marcados Eu imponente sentava próximo a janela para durante o trajeto observar à bela natureza, os campos verdejantes com os animais pastando, as arvores floridas, pássaros voando pelo azul do infinito, os rios, as pontes tudo isso proporcionava alegria que atraia atenção dos ambientalistas. Nessa distração devorava saquinho de biscoito de polvilho e assim viajava feliz para visitar a família que residia em Itararé. O chefe de trem lembro bem era o Romeu Xavier de terno azul-marinho, no bolsinho junto a lapela um lencinho branco, com quepe da mesma cor cheio de galão amarelo com as iniciais EFS que ao receber ordem do telegrafista Ademar Diniz, fazendo pose, orgulhosos assobiava acenando para o maquinista Emilio Bruno que apitava a “Maria Fumaça”, aos poucos o trem ia afastando da gare até ganhar velocidade deslizando tal qual uma pantera, forte e delicada no andar pela via férrea provocando aquele ruído peculiar dos rodeiros de ferro nos trilhos Toc-toc, era a “Maria Fumaça” com o inesquecível barulho forte rompendo barreiras, desbravando os sertões paulista. E levando o progresso para todas as cidades por onde passava. No interior do vagão com os assentos tomados, passageiros que ia de uma janela a outra, observar o belo cenário da natureza e caminhando pelo corredor para o lavatório ou simplesmente para esticar as pernas. O garçom percorria o interior da composição em movimento gritando: “é o refrigerante”, “a cerveja gelada” “senhores passageiros os que forem almoçar favor dirigir ao carro restaurante” enquanto o chefe do comboio caminhava picotando os bilhetes anunciava a próxima estação “Aracaçu” “Vitorino Camilo”, “Buri” “Rondinha” e assim por diante até o final da viagem que era Itararé e o tempo ia passando de uma estação a outra, “Maria Fumaça” apitando deixando rastro de saudades pelos anos que passaram, ia soltando fagulhas que entrava pelas janelas abertas queimando as roupas dos viajantes desatenciosos. Mas tudo era festa, era alegria. Viagem demorada, pois de Itapetininga a Itararé gastava quase cinco horas, mas o conforto era emocionante não provocava cansaço, tinha muita coisa para ver, divertir e curtir. No espaço de duas estações a “Maria Fumaça” estacionava próxima a Caixa d’água para abastecer. Acidente na via férrea era difícil acontecer o que gerava confiança dos usuários. Hoje Eu com os setenta janeiros, sinto saudades e quantas saudades! Fui feliz por ser privilegiado de ter utilizado os trens da antiga Estrada de Ferro Sorocabana nos variados passeio emocionantes. Da saudosa Sorocabana resta a estação de Itapetininga abandonada, deposito de locomotivas demolidas, trilhos e material rodante sucateado e poucos ferroviários para testemunhar a triste situação que se encontra a nossa ferrovia. Adeus trem de ferro da Sorocabana que passou pelos grandes momentos de gloria para entrou na historia. Aos meus colegas que no passado fizeram parte do parque ferroviário que engrandeceram a Nação, pensionistas, amigos, descendentes e admiradores de ferroviários fica aqui o meu abraço fraternal. Dirceu Campos Despachador Aposentado de Barra Funda RI. 458 072 Este causo foi enviado por: Prof. Dirceu Campos - AJORI – 440

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